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Pesca industrial

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Quando o comerciante Agostinho Alves Ramos veio se radicar em Itajaí ele instalou sua casa comercial na localidade de ‘estaleiro’ [atual Praça Vidal Ramos]. O nome da localidade já denota que ali, às margens do Rio Itajaí, existia, antes de 1824, atividade de carpintaria da ribeira – construção / manutenção de embarcações. Logo, podemos inferir, sem medo de incorrer em erro grosseiro, já estar em pleno desenvolvimento a atividade pesqueira nas águas interiores do Rio Itajaí. A pesca sempre esteve em destaque nas atividades econômicas da população da Região de Itajaí. Servia como meio de sobrevivência e, rapidamente, também serviu como referência comercial, com a venda para o Rio de Janeiro do nosso tradicional ‘mulato’ – como era popularmente conhecido o bagre-seco beneficiado em Itajaí. Temos diversas notícias em jornais antigos informando lanços de milhares de bagres entre a Foz do Rio Itajaí e a localidade de Volta de Cima.

PESCA INDUSTRIAL

A pesca artesanal começou a ganhar porte industrial no ano de 1937, quando começaram a operar no nosso litoral os barcos motorizados conhecidos como ‘gasolina’, vindos do Porto de Santos. Além de promoverem a captura de grande quantidade de pescados eles ainda compravam excedente da pesca promovida pelos artesanais de todo o litoral. Por volta de 1945 apareceram as ‘parelhas de arrastão’ aumentando ainda mais o desempenho das embarcações de médio porte na captura de camarão e pescados em geral. No ano de 1948 surgiu a empresa de conservas Krause, em Penha/Itajaí. O empresário Eugênio Krause foi o grande incentivador para os pescadores artesanais de toda a região adaptarem suas embarcações da vela/remo para motor. Os primeiros motores foram montados pela empresa STOL – Joinville. Também foi Eugênio que trouxe do México um novo modelo de barco com alto desempenho de captura. Era uma embarcação do tipo Kandy-L com um sistema de captura conhecido por ‘tangones’ – arrastava duas redes simultaneamente. Um dos pioneiros em Itajaí foi o empresário João Antenor, oriundo da Barra do Rio Camboriú. Ele foi pioneiro na pesca da sardinha com barco tipo ‘traineira’ puxando ‘rede de cerco’.

INCENTIVO FISCAL

A partir do final da década de 1960 Itajaí viu surgir o polo da indústria pesqueira e da construção naval de grande porte. O setor da construção naval ganhou ossatura com a instalação de dois grandes estaleiros: Ebrasa – Empresa Brasileira de Construção Naval S/A; Corena – Metalurgia e Construções Navais S/A. Dezenas de estaleiros menores, contudo, continuaram a tradição da carpintaria da ribeira na produção de barcos de madeira. Então, como podemos perceber, a pesca e a carpintaria da ribeira são duas atividades geminadas na economia itajaiense.

Todo o setor cresceu de forma acentuada, graças ao grande incentivo fiscal que o Governo Federal concedeu durante décadas, a partir do ano de 1967, tendo como órgão administrador a SUDEPE – Superintendência de Desenvolvimento da Pesca. Junto com a pesca veio o desenvolvimento dos estaleiros e empresas especializadas no fornecimento de peças, abastecimento e reparos de embarcações. Uma indústria que se espalhou para o vizinho município de Navegantes fazendo toda a economia regional experimentar grande desenvolvimento econômico e também, social.

Dados estatísticos do ano de 1966 mostram que o setor pesqueiro em Itajaí contava apenas com quatro barcos pesqueiros de médio porte e uma empresa beneficiadora de pescados [conserva] a CIBRADEP – Companhia Brasileira de Pesca. Com o incentivo fiscal do Governo Federal, a partir de 1967, o quadro da pesca industrial mudou drasticamente em apenas três anos. Segundo estatísticas do setor, apresentadas no ano de 1970, o Porto de Itajaí já contava com 58 barcos pesqueiros de médio porte e quase trinta empresas que desenvolviam a atividade da captura de pescados.

No ano de 2023 Itajaí manteve-se no topo do ranking dos portos pesqueiros brasileiros. A pesca em Itajaí chegou a configurar-se como um negócio que movimentou valores próximos de quatro bilhões de reais.

TEXTO: Magru Floriano. Itajaipedia.

FONTE:

1 – SOUZA, Cláudio Bersi de. Piçarras de todos os tempos – a história e sua gente.  Itajaí: Centenário, 2000.

2 – SOUZA, Cláudio Bersi de. Da costa para o alto-mar. Itajaí: Gráfica Berger, 2002.

3 – D’AVILA, Edison. Pequena história de Itajai. 2.ed. ver. e ampl. Florianópolis: IHGSC, 2018.

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