Dicionário da pesca da tainha – F – G
FACÃO – É a tainha magra, cabeçuda, que guia o cardume. Ela que “saltei” na frente do cardume e por isso serve de referência para o vigia localizar os cardumes que estão chegando à praia. Usa-se o termo composto: tainha-facão. Xingó.
FACHEIRO – Designação dada ao pescador que segura o fachilete [facho] em suas mãos na pesca noturna com fisga.
FACHILETE [fachelete] – Lanterna utilizada na pesca noturna com fisga. O pescador que opera o facho é conhecido como facheiro. Facho.
FALQUEJAR [fraquejar] – O ato de esculpir a canoa no tronco com enxó.
FATECHA [fateixa, fatexa] – Âncora que utiliza duas ou três galhadas de ferro. Muitas redes de espera são seguras ao fundo do mar por fatechas. É utilizada apenas em pequenas embarcações. Chacho.
FEITICEIRA – Tipo de rede contendo três malhas. Um pano de rede mais miúdo no centro, revestido por dois panos de rede com malha mais grossa [bitana]. Geralmente as redes de fora usam malha 20 e a rede de dentro usa a malha 11. Esse tipo de rede é proibido porque pega tudo que é tipo de peixe indiscriminadamente, pequeno ou grande. Nada escapa, de canguá a tartaruga e tubarão. Tresmalhão.
FERRAR – Capturar o peixe com anzol. Quando o peixe fica preso ao anzol diz-se que o peixe está ferrado.
FIADA – É comum no nosso litoral a prática de transpassar uma tira de embira por entre as guelras dos peixes para transportá-los. O conjunto do peixe carregado por esse sistema é chamado de fiada, molhe, penca, cambulhão.
FIEIRA – Corda que une a tarrafa ao pescador. Geralmente uma de suas extremidades é amarrada ao punho.
FIMIANA – Um variação na feitura de pirão utilizando farinha de mandioca e caldo de feijão. Variações: Primiana de feijão, pirão de feijão.
FISGA – Instrumento utilizado na pesca da tainha. Consiste em colocar uma peça de ferro acoplada a um cabo de madeira roliço, amarrado a uma corda com seu início envolto ao punho do pescador ou a um ponto fixo da canoa. Existem diversos tipos de fisgas, variando entre 3 e 6 dentes.
FRESCAL – Peixe governado, salgado, mas ainda não posto ao sol para secar. Um estágio anterior à cumbira.
FUMEIRO – Local da casa localizado entre o fogão à lenha e o telhado que é utilizado para pendurar o frescal para fazer peixe defumado.
FUNDURA – Distância encontrada entre a linha d´água e o fundo do mar. Profundidade.
FUZILAR – Interpor um pedaço de arame entre o anzol e a linha de pesca de modo a dificultar a ação de peixe que tem facilidade em cortar a linha quando já está ferrado, como é o caso do baiacu.
GALHEAR – É o ato da tainha de colocar o rabo para fora da água movimentando com energia e deslocando água. Os pescadores dizem que a tainha galheia ou galha.
GARAPUVU – Árvore usada para construção de canoas e apetrechos de pesca como as boias de redes genericamente conhecidas como cortiças. Variações do termo encontradas no nosso litoral: Guapuruvu, guarapuvu, gapuruvu, gurupuvu, gupuruvu.
GARATEIA – 1] Tipo de anzol triplo geralmente utilizado na pesca do peixe-espada; 2] Tipo de âncora com uma galhada de três ferros na ponta.
GELADOR – Na pesca industrial o gelador deposita o peixe capturado no porão do barco entre camadas sucessivas de gelo. É o responsável pela conservação do pescado.
GOLPE DE AR – Ar frio em lufada, correnteza, friagem, friage. Ramo de ar.
GOVERNAR – Limpar o peixe para consumo. Consertar, arrumar.
GRADO – Graúdo, grande.
GRAVATÁ – Planta da qual se retira a fibra utilizada na confecção de fios para redes de pesca.
GRUDE – Toda comida mal preparada ou com sabor e estética ruins. Diz-se que o pirão mal feito ficou um grude. Referência à cola porque muitas crianças na falta de cola industrializada improvisam na confecção de pandorgas colando a seda com arroz cozido esmagado ou pirão de farinha de mandioca.
GUASCAÇO – Pancada de chuva forte.
FONTE: FLORIANO, Magru. Tainha – a tradição da pesca da tainha no litoral de Santa Catarina. Itajaí: Brisa Utópica, 2016.