Tainha na areia – receita 1
Antigamente, quando ainda existiam muitas praias desertas no litoral catarinense, os pescadores tinham muitas dificuldades para levar as tralhas de pescaria até o costão ou praias. Então, selecionavam com mais critério o que tinham de carregar e o resto era na base do improviso, principalmente quanto à alimentação do grupo. Nesse tempo era comum assar tainha enterrada na areia.
O pescador faz uma pequena fogueira na areia da praia com madeira colhida no próprio local, principalmente galhadas trazidas à praia pela maré alta. Depois de toda a lenha queimada afasta as cinzas, carvão e um pouco da areia quente, cavando cerca de dois palmos. No buraco coloca a tainha inteira, sem ser escalada para não entrar areia na carne. Cobre o peixe com a cinza, carvão e a areia quente retirados anteriormente e acende novamente a fogueira. Quando a lenha está queimada retira o peixe do buraco com todo o cuidado para a areia não misturar-se com a carne.
Detalhe: como a tainha não é consertada não se coloca tempero durante a assadura, somente na hora de servir. Entre os temperos é mais frequentemente o sal e limão.
Os antigos pescadores da região também costumavam assar tainha na areia da praia enrolada na folha de bananeira. Essa alternativa era mais utilizada em localidades onde existiam ranchos-de-praia e roças próximas ao combro da praia.
A tainha é escalada de forma bem simples, mantendo as escamas como forma de proteção da areia. É enrolada em folhas de bananeira em camadas sucessivas até considerar-se que está bem protegida. Alguns ainda amarram o peixe com imbiras encontradas na mata.
FONTES DE PESQUISA: Arlindo Fernandes Hansen, Isaque de Borba Corrêa e Franklin Cascaes
FLORIANO, Magru. Tainha – a tradição da pesca da tainha no litoral de Santa Catarina. Itajaí: Brisa Utópica, 2016.