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Ventos em Itajaí

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A Língua Portuguesa tem um dicionário único para todo o Brasil. Contudo, algumas regiões empregam determinadas palavras com sentido próprio. É o caso da palavra vento para os moradores antigos de Itajaí e região. Nessa parte da Região Sul do Brasil praticamente é inexistente ventos de grande velocidade, formando tornados, furacões, ciclones. Claro que tem exceções, como foi o caso do Ciclone Tropical Catarina, ocorrido entre 27 e 28 de março de 2004, com onze mortos, 1.500 casas destruídas e outras 40.000 danificadas parcialmente. Também temos relato histórico de um Tufão ocorrido em 21 de outubro de 1921, matando pescadores entre Penha, Itajaí e Porto Belo, deixando barcos afundados, alagados e jogados contra as praias e atracadouros.

Na linguagem popular os ventos recebiam nomes bem curiosos, como é o caso de ‘Rapa-canela’ – termo que encontramos em uma crônica do historiador Edison d’Ávila (Diarinho – edição de 04 de julho de 2024), ou ‘Raspa canela’ – verbete do Dicionário Catarinense de autoria do memorialista Isaque de Borba Corrêa (‘Vento Oeste. Vento terral forte, incessante e rasteiro’).

Entre os nomes mais utilizados no antigamente para designar vento na Região de Itajaí temos:

Pé-de-vento – para designar uma ventania bem forte que pega todo mundo de surpresa. Uma ventania forte não esperada;

Vento cortante: vento muito frio, gelado, geralmente Minuano e Pampeiro vindos do Polo Sul, pegando Rio Grande do Sul e Santa Catarina no sentido Oeste e Sudoeste. Ele também é conhecido popularmente de Rapa-canela porque, no tempo antigo, as crianças só usavam calça curta e as mulheres vestidos, roupas sem proteção para a parte inferior das pernas;

Brisa: vento suave, refrescante, geralmente ocorrendo no outono e verão, mudando de direção no período noturno. Assim, durante o dia sopra da terra para o mar, recebendo o nome de Brisa Terrestre, enquanto à noite sopra do mar para a terra, recebendo o nome de Brisa Marítima;

Terral: vento muito forte que sopra na direção da terra para o mar. Era um vento muito temido pelos pescadores que podia levar as embarcações para longe da costa. Muitas vezes o Terral se formava com o aumento de velocidade e intensidade da Brisa Terrestre;

Lufada: era o sopro mais forte do vento de forma ocasional e não contínua, também conhecida como Rajada. Geralmente a lufada / rajada pegava todo mundo de surpresa e podia até causar estragos nas residências e plantações. No tempo que todo mundo usava chapéu, as lufadas eram o terror dos homens que queriam se manter nos padrões da moda;

Vento Sul:  vento frio no sentido Sul e Sudoeste, principalmente no inferno. Também conhecido como Vento Cortante, Raspa-canela. Diz-se que é um vento que entra até na espinha ou na alma;

Vendaval: é um termo mais genérico para designar todo vento forte contínuo, demorado, em forma de tempestade;

Chapéu-de-vento: surge geralmente nos finais dos dias quentes, com sentido circular, formando um cone no sentido de baixo para cima, levantando a poeira da estrada de barro batido e alguns objetos leves, como folhas secas, papel, sacolas plásticas. Por surgir repentinamente em áreas abertas, era tido como algo sobrenatural. Por isso a cultura popular o associa a ‘rastro do diabo’ e ao folclore do Saci-Pererê. Também é conhecido como Rodamoinhos, Torvelinhos, Remoinhos.

Lestada: vento que soprava do mar para terra, sentido Leste-Oeste, geralmente trazendo temperaturas baixas e muita chuva, deixando o mar sem condições de navegação, por agitação severa das águas.

Texto: Magru Floriano.

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