Transporte no tempo antigo
No Município de Itajaí, antes da era do automóvel – veículo com propulsão a motor – existiam duas modalidades de transporte: marítimo/fluvial e terrestre – com tração animal. O transporte terrestre contava com diversos tipos de veículos, sendo os mais utilizados em nossa região:
Carroça – a carroça era um veículo terrestre. Basicamente consistia em um caixote de madeira, com quatro rodas, também de madeira, puxado por cavalos. Dependendo do tamanho do caixote e, também, das posses do proprietário, o número de animais podia variar de um a quatro. Também, podia se improvisar colocando um boi no lugar do cavalo, mais ocorria mais dentro das propriedades, para serviço doméstico.
Charrete – era um veículo leve de duas rodas, com apenas um banco almofadado. Era utilizado para transporte de uma a três pessoas, puxado por um cavalo de trote.
Aranha – era o mais leve e rápido veículo da época do transporte por tração animal. Tinha duas rodas, um banco almofadado para transporte de duas pessoas, puxado apenas por um cavalo de trote. As rodas eram mais finas e a estrutura feita com madeira leve. Era feito para ser mais leve e versátil.
Zorra – em locais de morraria, onde fica impossível utilizar a carroça ou carro de boi, utilizava-se um veículo sem rodas, conhecido popularmente por zorra. No lugar das rodas colocava-se duas toras de madeira com as pontas mais abalroadas, visando facilitar as decidas de morros. No lugar da caixa fechada, geralmente se utiliza um cercado de paus, mais aberto. A tração era feita por um ou dois bois.
Carro de Boi – basicamente tinha o mesmo desenho da Zorra, trocando apenas as toras por duas rodas grandes de madeira. Era utilizado em terrenos mais pantanosos e de difícil acesso por causa da lama e do caminho irregular. Também era puxado por um ou dois bois treinados para esta função. Contudo, também existiam carros puxados por seis bois, mas estes eram mais utilizados para exibições e festas comunitárias. Os pares de bois eram chamados de Parelhas. Por questões culturais, os donos desses carros gostavam de colocar mecanismos nas rodas que promoviam um som bastante alto e diferenciado. Dizia-se que o carro ‘cantava’ ou ‘chorava’.
Carro de Mola – tinha o mesmo chassis da carroça, contudo recebia uma cobertura em toda a sua extensão e, no lugar da caixa de madeira para transporte de carga, recebia na parte de trás dois bancos frontais um ao outro, visando transportar até seis pessoas. Na parte da frente recebia um banco almofadado para comportar o boleeiro e mais um ajudante. Era enfeitado, muitas vezes possuindo até cortinas na janelinha traseira e nas duas portas laterais traseiras. Foi o primeiro veículo utilizado na praça prestando serviço de transporte de passageiros. Por muito tempo serviu como o táxi dos itajaienses. Na cidade existiam pontos de carros de mola na Praça Vidal Ramos, ao lado da Igreja Matriz (atual avenida Marcos Konder) e Praça Gonzaga. Os carros também faziam ponto em locais estratégicos durantes festas e eventos especiais.
TEXTO: Magru Floriano
FONTE: PIAZZA, Walter F. Folclore de Brusque. Brusque: SAB, 1960.
