Clube Náutico Almirante Barroso
O Clube Náutico Almirante Barroso foi criado no dia 11 de maio de 1919 após associados do Clube Náutico Marcílio Dias se desentenderam sobre a escolha da madrinha de uma embarcação de competição de remo conhecida por ‘yole’. Os associados do Marcílio disputaram a nomeação da yole entre Virgínia Fontes e Marietta Demoro. Com a escolha do nome de Marietta Demoro os partidários de Virgínia resolveram sair dos quadros do Marcílio Dias e criarem um novo clube de remo na cidade de Itajaí. A assembleia de criação do Clube Náutico Almirante Barroso ocorre às 18 horas nas dependências do Grande Hotel – situado à rua Felipe Schmitt – no centro de Itajaí. Presentes cerca de quarenta pessoas, consideradas fundadoras do novo clube. A primeira diretoria ficou assim constituída:
Presidente: Eugênio Müller Filho [Eugeninho]
Vice-presidente: José Alves Pereira
Primeiro secretário: Auguto Voigt
Segundo secretário: Pedro Alves Pereira
Primeiro tesoureiro: Bruno Malburg
Segundo tesoureiro: Raul Espíndola
Orador: Marcos Konder.
O clube conseguiu um galpão às margens do Rio Itajaí para abrigar suas yoles e ali também construiu sua primeira sede social. Atualmente o terreno está vazio, ao lado do casarão Voigt, na quadra estabelecida nas esquinas das ruas Samuel Heusi e Pedro Ferreira com avenida Prefeito Paulo Bauer. O sucesso veio rápido e no ano de 1920 o Barroso conquistou o Campeonato Catarinense de Remo. O disputadíssimo troféu ocorreu em Florianópolis no dia 15 de novembro de 1920. Os atletas campeões do Barroso foram: Marinho Lins [patrão], Amâncio Coelho [voga], Aníbal Gaya, Primo Uller [sota voga] e José Gall Júnior [proa]. Como o remo era o esporte mais popular à época, a delegação barrosista foi recebida no Porto de Itajaí por uma multidão, com a festa continuando madrugada á dentro com um grandioso baile festivo.
No ano de 1921 os atletas barrosistas repetiram a façanha de derrotar as fortes equipes de Florianópolis e conquistar o bicampeonato catarinense de remo. O título foi levando a 15 de novembro de 1921, na Baía Sul, Florianópolis. A guarnição da iole ‘Riachuelo’ estava assim constituída: Marinho Lins [patrão], Amâncio coelho, Aníbal Gaya, Primo Uller e José Gall Júnior [remadores].
Os atletas barrosistas voltaram a conquistar o campeonato catarinense de remo no ano de 1927 com a iole “Edith’ sendo composta por: Raul Thieme [patrão], Affonso Zaguini [voga], José Gall Júnior e Primo Uller [sota voga], Carlos de Paula Seára [proa]. O quarto título catarinense no remo veio no ano seguinte, 1928. Neste ano Raul Thieme cedeu o posto de ‘patrão’ para Lio Thieme. Entre os remadores históricos do barroso destacamos ainda: Augusto Thieme, João Bacellar, Ruy Brandão, Ewaldo Willerding.
Apesar desse histórico de glórias, a partir de 1929 a modalidade esportiva foi perdendo espaço no gosto popular para o futebol, com o Clube Náutico Almirante Barroso se rendendo à tendência nacional desativando gradativamente as atividades do remo e concentrando seus esforços na promoção de eventos sociais em sua sede à Rua Pedro Ferreira.
No ano de 1949 o clube adquiriu de Irineu Bornhausen uma grande área visando à construção do seu estádio de futebol. A compra foi oficializada no dia 11 de maio de 1949. Irineu tinha adquirido o terreno para abrigar a sede de um outro time de futebol itajaiense, o Lauro Müller Futebol Clube. Em seguida, foi promovida a fusão dos dois clubes: Barroso e Lauro Müller, firmando a agremiação com o nome do primeiro. A fusão ocorreu no dia 17 de agosto de 1949 em assembleia que contou com a participação de cerca de cinquenta associados do Lauro Muller, o primeiro campeão catarinense itajaiense [1931]. Por conta do passado glorioso do Lauro Müller, sua extinção ou fusão com o Barroso ocorreu de forma polêmica e demorou uns dois anos para a nova situação pender definitivamente para o lado dos barrosistas.
No ano de 1950 o Barroso se filiou à Liga Blumenauense de Futebol e participou, junto com o Marcilio Dias de um campeonato regional. O primeiro clássico Barroso x Marcílio foi realizado dentro desse campeonato no dia 19 de novembro de 1950, com a vitória do Marcílio pelo placar de 2 a 1. No ano de 1951 o Barroso participa da fundação da LID – Liga Itajaiense de Desportos. No ano de 1956 o estádio do Barroso é concluído. No ano de 1981 ele recebe o nome de Camilo Mussi – reconhecido por todos como o maior presidente da história do clube desportivo. Nos anos de 1962 e 1963 conseguiu o honroso posto de vice-campeão catarinense.
Entre os nomes de destaque do Clube Náutico Almirante Barroso no futebol temos: Élio Ramos, Mima, Deba e Godeberto. Élio Ramos vestiu trezentas vezes a camisa verde e branca do Barroso, marcando mais de cem gols. É lembrado como o maior atleta do clube.
No dia 05 de fevereiro 1972 a sua diretoria envia ofício à Federação Catarinense de Futebol comunicação a decisão da assembleia de associados, realizada à 19 de janeiro de 1972, paralisando por tempo determinado a participação em campeonatos de futebol profissional. No ano de 2016 o clube terceirizou o seu departamento de futebol, cendendo marca e estádio para o inexpressivo Navegantes Esporte Clube que visou a disputa do Campeonato Catarinense Sérire B. Atualmente o Clube Náutico Almirante Barroso mantém ativa apenas sua sede social e atividades esportivas amadoras.
TEXTO: Magru Floriano. Itajaipédia.
FONTE: ALÉCIO, Fernando; GOMES, Gutavo Melim. História do Clube Náutico Almirante Barroso. IN: Anuário de Itajaí 2018. Itajaí: FGML, 2018. Páginas 130-140.