Corridas de rua
Até a década de 1970 era comum a realização de corridas de carros pelas ruas das grandes cidades brasileiras, macadamizadas ou pavimentadas com paralelepípedos. No Município de Itajaí foram promovidas muitas corridas de carro e kart. Elas eram realizadas nas ruas centrais da cidade, com o público assistindo tudo no meio fio, sem qualquer proteção para sua segurança.
Três horas de Itajaí
O auge dessas corridas foi a corrida intitulada ‘Três horas de Itajaí’. Ela foi realizada no dia 10 de dezembro de 1967, com seus treinos e ajustes de percurso realizados no dia anterior. O grupo idealizador era liderado por Antônio Carlos dos Santos, o Toninho da Simca, mais os pilotos Arno Luersen, Antonio Dias Ramos (Toni Ramos), Francisco Berti (Chico Berti) e José Ávila dos Santos (Zé Doido). O prefeito Carlos de Paula Seára (Lito Seára) e o delegado Luiz Guimarães Dias (Luizão) deram apoio imediato e o evento ganhou proporções nacionais, conseguindo reunir pilotos dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O trajeto da corrida mais icônica da cidade de Itajaí incluía as seguintes ruas: Avenida Sete de Setembro (sentido sul com largada defronte à Delegacia de Polícia), Rua Onze de Junho, Rua Jorge Tzaschel (sentido centro), Rua Lauro Müller, Rua Olímpio de Miranda Júnior / Gil Stein Ferreira, retorno na Avenida Sete de Setembro. O percurso contava com duas grandes retas (Sete de Setembro e Lauro Müller), sem falar do desafio de colocar o carro em rua macadamizada, a Onze de Junho (Fazenda). A corrida durou três horas, dois minutos e treze segundos, estabelecendo uma média horária de 86 km/h.
Treino e acidente
No dia anterior, sábado, foram promovidas as voltas de reconhecimento e ajuste do circuito, treinos e disputa para a formação do grid de largada. Nesse dia aconteceu um grave acidente com o carro Simca Chambord nº 77 da jangada Veículos Ltda. Na saída do retão da Lauro Müller para adentrar a Rua Olímpio Miranda Júnior o ‘Tufão’ não conseguiu fazer a curva. Imediatamente o público invadiu a pista para ver mais de perto os estragos ocorrido no carro, mas o DKW nº 74, de Marx Weiser, que vinha logo atrás e alta velocidade, acabou atropelando um jovem. Com o acidente o local recebeu alguns equipamentos de segurança extra para isolar o acesso do público à pista. Segundo o memorialista Paulo Maes esses carros eram altamente ‘envenenados’ com os motores mexidos para ganhar potência. “E no Domingo lá estavam Renault Gordinis, Simcas e DKWs, todos devidamente preparados e envenenados, como se dizia na época. Combustível, gasolina de aviação com uma boa dose de naftalina; óleo lubrificante aero-Shell, tripla refrigeração; suspensão alterada, cambio e transmissão modificados, motor mexido, o que elevava de 4000 rpm do veículo normal para até 8000 rpm, fazendo-os atingir até 170 Km/h.”
Resultado
Desde a largada, na frente da Delegacia de Polícia na Sete de Setembro, já se notava que os pilotos itajaienses não estavam intimidados com a presença de pilotos mais experientes vindos do Paraná e São Paulo. Na largada o Simca nº 88, da dupla Plínio Luersen e Toni Ramos, assumiu a liderança. Essa posição foi mantida por duas horas de competição, até que o DKW nº 74, pilotado por Marx Weiser de Piracicaba – SP, ultrapassou os representantes locais obrigando-os a manobras mais arriscadas. Assim, na última volta o carro bateu em uma cerca e teve o radiador furado, ficando sem condições técnicas de cruzar a linha de chegada em segundo lugar.
Mas Itajaí não ficou fora do podium porque o Simca Tufão nº 7, de Arno Luersen e Antonio Carlos dos Santos (Toninho da Simca), conquistou o quarto lugar geral e o primeiro da categoria Simca. A dupla José Ávila dos Santos (Zé Doido) e Francisco Berti, pilotando o DKW nº3, ficou em sexto lugar no geral.
Texto: Magru Floriano
Fontes:
1 – Notícias Esportivas – número 22 – edição de 16 a 22 de janeiro de 1994.
2 – https://clubedosentasitajai.blogspot.com/