Dicionário da pesca da tainha – D – E
DEBULHO – Recheio utilizado pela culinária catarinense nas tainhas assadas.
DEFENSA – Boias penduradas nas embarcações visando a proteção física de suas laterais quando estão amarradas ao trapiche e/ou ladeadas por outras embarcações.
DEFESA – Peixe sem valor comercial que é distribuído aos mais pobres da localidade.
DESOVA – Momento da postura do peixe. Ato do peixe liberar sua ova n´água.
DESPESCAR – Retirar os peixes que ficaram presos na malha da rede.
DINÂNI – Peixes de espécies pequenas. Misturinha.
EMARETADO – Estado de mal-estar físico motivado pelo balanço da embarcação. Enjoado, mareado.
EMBALÇAR [embalsar] – Técnica de guardar o peixe escalado de forma a prolongar sua vida útil. O peixe escalado é guardado de maneira que o costado de um peixe fique em contato com o costado do outro peixe e a carne também só tenha contato físico com a carne do outro peixe.
EMBATE – Local da costa que protege a embarcação da tempestade.
EMBAÚVA – Árvore cujo tronco fino é utilizado para fazer o “rolo” e a “estiva” para as canoas.
EMBICAR – Colocar a canoa em certa direção. Dar rumo à canoa.
EMBIRA – Fibra obtida de casca de árvore ou cipó própria para confecção de rede, corda e apetrechos de pesca.
EMPATAR – Dar nó na linha para segurar o anzol. Diz-se que o anzol seguro a uma linha está empatado.
ENCALA – Fio que une o pano morto à tralha da rede.
ENCARANGADO – Diz do pescador que está sofrendo a ação do frio intenso na praia.
ENCONTRO – Segunda parte da rede, aumento da largura da rede após a manga. Trecho intermediário da rede entre a manga e o copo ou sacador. Geralmente nas redes de tainha é confeccionada com malha oito ou nove.
ENGODO – Ceva composta por restos obtidos na limpeza do pescado. O engodo é jogado ao mar para atrair o peixe a um determinado local de pescaria ou para armadilhas previamente colocadas. Isca grande utilizada sem anzol. No litoral catarinense também é feito engodo triturando-se ostras, berbigões e mariscos.
ENLEAÇADA – Grande confusão de linha ou corda apresentando nós e voltas feitas sobre si mesma. Massoroca ou mossoroca, inliaçada, embaraçada, enosada.
ENTRALHAR – Ato de colocar cortiça ou chumbo na tralha da rede de pesca.
ENTUPE – Forte cerração vinda do mar.
ENXÓ – Machadinha concavada, cabo curto, utilizada para construção de canoas.
ESCALAR – Ato de abrir o peixe durante sua limpeza. Pode-se escalar o peixe pela barrigueira ou pelo costado.
ESCAMAR – Retirar as escamas da tainha. Descamar.
ESCURO – Período em que os pescadores de mar aberto aproveitam para pescar por considerarem ser mais fácil localizar os cardumes à flor d´água porque a luminosidade da lua não está muito forte. Seu contraponto é o “claro”.
ESMILINGUIDO [dismilinguido, ismilinguido] – Estado do pescado que perde seu valor devido ter sofrido alguma ação que alterou sua consistência, forma. Diz-se de um pescado mal conservado e maltratado dentro da embarcação que “este está dismilinguido”.
ESPANÁ – Momento em que a tainha se mostra à vista do pescador. Quando o pescador vê o cardume diz-se que a tainha “espanô”. Mostrar, aparecer.
ESPANARIA – Grande de quantidade de peixe saltando para fora d´água ao mesmo tempo.
ESPELHO – Pequena peça de madeira utilizada como superfície de apoio e decoração interna. Algumas canoas possuem espelho de proa e espelho de popa.
ESPIA – 1] Ponto alto escolhido estrategicamente para abrigar o vigia, durante a pesca da tainha nas praias. Ponto de observação; 2] vigia, atalaia, olheiro.
ESPICHA – Instrumento feito de pau com ponta bem fina que é introduzida na tralha visando obter um orifício para colocar a chumbada. Também é utilizado pelos pescadores para desfazer nós bem apertados na cordoaria de bordo.
ESPINHEL – Modalidade de pesca que consiste em amarrar uma grande quantidade de anzóis em uma corda e soltar à deriva no mar com uma ponta amarrada na embarcação e outra ponta amarrada a uma boia com bandeira de sinalização. O espinhel é guardado dentro da embarcação com os anzóis espetados em ordem na borda de um balaio. No litoral de Santa Catarina existem muitas variações na pesca com espinhel, como o espinhel sendo puxado para dentro do mar por pandorgas e o espinhel fixo na praia por um calão enterrado na areia.
ESTILAR – Ação de fazer a água do peixe consertado escorrer.
ESTIVA – A estiva é um rolo de tronco de embaúva cortado ao meio. Pedaço de tronco de palmeira utilizado como base na hora de empurrar a canoa na areia da praia. Ela evita que a canoa enterre-se na areia da praia quando está em movimento. Geralmente os pescadores passam banha ou graxa na parte central da estiva onde está apoiada a canoa.
ESTIVADO – Conjunto de estivas colocado na praia para movimentar a canoa de sorte a ela não imbicar e enterrar-se na areia.
ESTOPA – Comida ensopada feita com carne de peixe desfiada.
ESTROVO – Pequeno anel feito de corda para acoplar o remo de voga no tolete, facilitando o apoio na remadeira da canoa.
FONTE: FLORIANO, Magru. Tainha – a tradição da pesca da tainha no litoral de Santa Catarina. Itajaí: Brisa Utópica, 2016.