Farra do boi
Antigamente a ‘farra do boi’ era conhecida como ‘boi na vara’. Os jornais de época evidenciam essa prática popular sendo realizada em todas as localidades rurais de Itajaí e, também, em pontos mais urbanizados como Fazenda e Coloninha. O nome foi trocado pela imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo, visando ao combate desta atividade, já que de uma determinada época em diante houve uma deturpação da tradição e o animal começou a ser muito maltratado.
DO INTERIOR PARA A CIDADE
Isso começou a ocorrer porque a prática da tradição do ‘boi na vara’ geralmente era feita no interior, em locais cercados. Mas, quando ela veio para os centros urbanos a adaptação foi prejudicial para o animal, às pessoas e às propriedades. Soltos pelas ruas da cidade os bois acabavam se machucando muito, principalmente pulando muros e cercas. Também causavam danos às propriedades – muros, jardins e carros estacionados ao longo das vias públicas. Sem falar nos danos materiais causados – pelos bois e pela própria multidão correndo a esmo – às benfeitorias públicas. No centro urbano também tinha um problema ético a ser resolvido quando se soltava um boi pelas ruas estreitas: a participação involuntária de transeuntes. Enquanto no interior o ‘boi na vara’ era uma atividade feita em local restrito [cercas] ou presos à uma árvore por varas e cordas, onde as pessoas frequentavam o local por livre e espontânea vontade; no centro urbano, a pessoa poderia ser pega de surpresa, não tendo como se defender e sequer querendo participar da brincadeira. Por estes motivos – danos aos patrimônios público e privado, coercitividade na participação e, principalmente, maltrato ao animal – diversas leis foram sancionadas, em níveis estadual e municipal, visando ao total extermínio desta tradição, cuja origem remonta às toradas de rua nas Ilhas dos Açores.
TEXTO: Magru Floriano.
FONTES:
1 – ‘Farra do boi: conheça a história da tradição que se tornou polêmica no século 21’. Disponível em: https://ndmais.com.br/meio-ambiente/historia-da-farra-do-boi-em-sc/. Acesso em: 19 de julho de 2024.
2 – LINHARES, Juventino. O que a memória guardou. Itajaí: Univali, 1997.