Olarias
O Município de Itajaí sempre contou com grande número de olarias fornecendo material de construção para o desenvolvimento da cidade.
PRIMEIRO POLO OLEIRO
A primeira olaria que temos notícia é de propriedade de Agostinho Alves Ramos – tido como uns dos fundadores de Itajaí. Ele mantinha propriedade na desembocadura do Rio Conceição [atual Canhanduba] abrangendo área das localidades de Carvalho / Canhanduba / Itaipava. Ao pé do Morro Araponga ele teria instalado residência e olaria. Neste morro, atualmente, temos uma estação de tratamento de água do Semasa. Ele vendeu a propriedade para os sócios Hermann Blumenau e Fernando Hackradt no dia 17 de setembro de 1849. Tudo indica que os novos proprietários mantiveram a atividade na fazenda, porque, em 1858, o engenheiro francês Charles Philippe Garçon Riviére elaborou o ‘Mapa Hidrográfico dos rios Itajaí-Açu, Itajaí-Mirim e Luiz Alves e seus afluentes na Província de Santa Catarina’ registrando a existência de cinco olarias e duas fábricas de ‘louça ordinária’ no rio Itajaí-Açu e, uma olaria no Itajaí-Mirim – provavelmente a mesma montada por Agostinho Alves Ramos.
No ‘Anuário de Itajaí para o ano de 1924’ encontramos um anúncio de Alberto Pedro Werner falando de uma olaria de sua propriedade na localidade de Carvalho. Ele salienta que a olaria está em funcionamento desde 1860 e chegou a ganhar prêmio em exposição industrial no Rio de Janeiro. O historiador Edison d’Ávila considera a possibilidade desta olaria ter sido criada por Peter Werner, pai de Alberto Pedro Werner, residente no Rio Pequeno desde 1851.
Os arquivos da Fundação Genésio Miranda Lins guardam documentos da Prefeitura de Itajaí que comprovam a existência de duas olarias na região de Rio Pequeno / Carvalho / Canhanduba em 1869. Uma pertencia a José Pereira Liberato – proprietário da Fazenda do Engenho, localizada entre a Ressacada e Dom Bosco. Esta olaria ainda apresenta registros oficiais no ano de 1892 como estando na localidade de Carvalho; outra, pertencia a Felipe Kirchner – imigrante alemão que provavelmente migrou da Colônia Dona Francisca para Itajaí por volta de 1860. Sua olaria também ficava na região conhecida como Rio Pequeno, uma extensa faixa de terra que atualmente abriga diversas localidades como: Itaipava, Canhanduba, Carvalho, Ressacada, Dom Bosco …. ou seja, todas as terras banhadas pelo Rio Itajaí-Mirim entre a foz do Ribeirão Conceição e o Bairro São João. A localidade do Rio Pequeno ainda abrigou diversas olarias, de acordo com os documentos oficiais preservados, como: Luiz Simão e Luiz Durieux [1893], Carlos Graff [1898], Manoel Zeferino Floriano [1899]. Constituía, portanto, o primeiro polo oleiro do Município de Itajaí.
SEGUNDO POLO OLEIRO
Os documentos da Prefeitura de Itajaí evidenciam que a partir de 1888 a atividade de olaria e cerâmica estava em expansão na região da ‘Estrada de Brusque’. Entre 1888 e 1900 estão registradas na região de Itaipava nos nomes de: Francisco Pereira Dutra, José Cardoso da Silva, José Corrêa da Silva, domingos Alexandre Corrêa, Donato da Silva Pinto, Francisco Boaventura dos Santos, Gabriel Dutra e Silva, João Antônio da Silva, João Cardoso da Silva Filho, João Corrêa da Silva, Luiz Manoel do Nascimento, Manoel Vicente dos Santos, André Barbi. Está consolidado o segundo polo oleiro de Itajaí tendo como epicentro a localidade de Itaipava.
A partir de 1900 a região da ‘Estrada de Brusque chegou a abrigar vinte e duas olarias entre Carvalho e Arraial dos Cunhas. Novas olarias foram surgindo tendo como proprietários: Luiz Henrique Siemann, Luiz Antônio Cunha, José Corrêa da silva, José Antônio da Silva, Manoel Corrêa de Negreiros, Antônio Celestino dos Santos, Damião Perger, Alexandre Vanzuita, Luiz Perger, Cyrino Antônio Cabral. Fora desses polos surgiu a olaria de Camilo Vicente da Costa, em 1910, na Barra do Rio; e, em 1944, a olaria de Antônio da Silva Ramos na rua Blumenau. O restante da atividade, portanto, ficava restrita às localidades da ‘Estrada de Brusque’: Carvalho, Ressacada, Canhanduba, Itaipava, Rio do Meio, Arraial dos Cunhas, Baia …
TECNOLOGIA
No ano de 1915 o empresário João Gabriel Fernandes equipou sua olaria com máquinas a vapor, mas a inovação tecnologia não fez muito sucesso junto aos demais investidores que continuaram utilizando como força motriz a tração animal. No ano de 1924 eram dezenove olarias utilizando a tecnologia antiga e nenhuma com máquina a vapor. Basicamente o custo do equipamento deve ter freado o ímpeto dos inovadores. Além do que o setor também parece ter passado por momentos de dificuldades porque o número de olarias diminuiu ano a ano a partir de 1920. Por volta de 1949 Itajaí já contava com apenas doze olarias. Por volta de 1950 tinha olaria na Itaipava: Crispim Evaristo Correia, Pedro Vanzuita, Teobaldo Cunha, Edmundo Augusto Wippel, Protásio Wippel, Nilton Andrade, José Biz, Germano Dagnoni, Basílio Domingos Gonçalves. Os nomes dos novos empresários evidenciam o fenômeno da migração italiana para a região. Certamente a crise deveu-se, de certa forma, ao desaquecimento geral da economia no período da Grande Guerra. Por volta de 1980 o setor vive seu novo apogeu e a região da ‘Estrada de Brusque’ acusa a existência de trinta e duas olarias. Nesse período a questão do uso de novas tecnologias e ganhos técnicos na produção merecem atenção do empresariado do setor. Antes de 1950 foi montada no distrito itajaiense de Ilhota a grandiosa INCERIT – Indústria Cerâmica Itajaí S.A, produzindo tijolos perfurados e telhas francesas. Por volta de 1960, Aléssio Baldo também estava produzindo telhas francesas, com qualidade técnica, na Itaipava. A indústria oleira estava consolidada e produzindo produtos de qualidade.
OLARIAS DE HOJE
Segundo pesquisa promovida pela jornalista Camila Gonçalves, funcionavam na região da ‘Estrada de Brusque’, no ano de 2019, as seguintes empresas oleiras: Aléssio Baldo, Antenor Vieira, Antônio Bolda, Basílio Domingos Gonçalves, Bento da Silva, Carlos Ferrari, Cerâmica Winter, Gilson e Moisés Vieira, Hélio Wippel, Hilton e Nido Silva, Ivan Dagnoni, João Vieira, José e Ademir Biz, Volnei Pedroni, Laureano Teixeira, Leo Cunha, Mário e Antônio Vitti, Natalício Dagnoni, Nido Wippel, Nilton Andrade, Orival Páscuo Raimundo, Otávio Zermiani, Paulo Cunha, Paulo Demarchi, Pedro Páscuo, Pedro Vanzuíta, Protásio Wippel, Tande Moser, Tito Crispim, Valdir DAgnoni, Vilmar Dagnoni, Vladimir Dagnoni.
TEXTO: Magru Floriano. Itajaipedia.
FONTE: DÁVILA, Edison. Olarias em Itajaí: apontamentos e comentários acerca de sua história econômica e social. IN: Anuário de Itajaí 2021. Itajaí: FGML, 2021. Páginas 134-143.