Barra do Rio
A região que conhecemos como Barra do Rio constitui-se como um marco referencial quando o assunto é a colonização do interior do Vale do Itajaí. Ali instalou residência, em 1658, João Dias de Arzão e, depois, toda sua família. João Arzão tinha propriedade no lado norte do Rio Itajaí, enquanto Matheus Arzão manteve por longo período terras no lado sul do Rio Itajaí.
O início
O local abrigou um polo de desenvolvimento forte que sempre rivalizou com a região que conhecemos atualmente como Centro. Já em 1850 a empresa criada pelo Doutor Blumenau para trazer imigrantes alemães para o Vale do Itajaí escolheu o local para montar o seu galpão de recepção aproveitando estrutura já montada por Agostinho Alves Ramos. A partir de 1860, quando da formação da Colônia Itajahy, às margens do Rio Itajai-Mirim em direção a Brusque, a mesma localidade serviu de abrigo para as famílias pioneiras.
Em 1866 começou a luta por uma estrada entre a Barra do Rio e a Colônia Itajahy, obra que foi finalizada em 1875 recebendo nomes por setores como é o caso de “Caminho dos Alemães’, “Rua do Rio Pequeno’, “Rua do Jacaré” “Estrada da Frente’. Partes dessa obra, atualmente, são denominadas de Rua José Pereira Liberato e Rodovia Antonio Heil. Mais adiante a localidade abrigou as primeiras indústrias itajaienses, culminando com a instalação da Fábrica de Papel Itajahy no ano de 1913.
Denominação
O nome Barra do Rio alimenta uma polêmica antiga entre historiadores e memorialistas porque, dadas as atuais características geográficas, esse nome (barra do rio) deveria designar a região que conhecemos como Boca da Barra ou Molhes da Barra. O nome faz referência à foz do Rio Itajaí-Mirim, mas a preferência para receber esta designação seria do Rio Itajaí e não do seu afluente.
Há especulações dando conta de que isso ocorreu porque, no tempo da colonização, a foz do Rio Itajaí não apresentava propriamente uma barra bem definida, sendo formada por grandes coroas de areia que dificultavam o acesso das embarcações à uma grande baía que historicamente ficou denominada de Saco da Fazenda e, posteriormente, Baía Affonso Wippel.
A correção do leito do rio e a construção dos molhes, pela empresa Cobrasil, conferiu ao Rio Itajaí uma barra. Como a população já utilizava o termo barra do rio em referência à região da foz do Rio Itajaí-Mirim, para diferenciar, utilizou termos como Molhes da Barra e Boca da Barra.
Por muitos anos o local apresentou o único ponto de travessia do Rio Itajaí através de balsa. A ponte Marcos Konder, sobre o Rio Itajaí-Mirim, foi concluída em 1930, às vésperas da revolução que guindou Getúlio Vargas à presidência da República. Mas, mesmo com a ponte concluída o serviço de balsa nunca deixou de funcionar no local, recebendo a denominação popular de balsa da Barra do Rio.
Importância logística
O local só deixou de ser o principal elo entre a região sul e norte do Estado de Santa Catarin em 1962, quando da inauguração da ponte da BR-101 sobre o Rio Itajaí-Açu. Entre 1950 e 1970 a localidade abrigou o Aeroporto Salgado Filho, depois Ministro Victor Konder. A transferência do aeroporto para Navegantes abriu espaço para a prefeitura implantar o Primeiro Distrito Industrial de Itajaí abrangendo também terras do Imaruí.
Delimitação territorial
No ano de 1998 o prefeito Jandir Bellini assinou a Lei nº 3359 dividindo o Município de Itajaí em dezesseis Zonas Administrativas. Nessa divisão foi criada a Zona Administrativa da Barra do Rio incluindo nela as localidades de Imaruí, Primeiro Distrito Industrial e Nova Brasília. Diz textualmente a Lei: “Rio Itajaí-Mirim, Rio Itajaí-açu, limite com São João, até o Rio Itajaí-Mirim’.
Nova Brasília
A localidade Barra do Rio abriga em seu território a comunidade intitulada de Nova Brasília. No local a fábrica de papel já manteve plantação de bambu e de cânhamo. No ano de 1991 foi erguida a igreja Cristo Ressuscitado, sendo incluída na jurisdição da Paróquia São João Batista. Segundo se registra na crônica popular a denominação de Nova Brasília faz referência jocosa ao fato de que as suas ruas foram abertas obedecendo uma certa simetria, a exemplo da capital federal.
Esse loteamento, inicialmente, serviu para a construção de moradias dos próprios funcionários da Fábrica de Papel Itajahy. Ali também foi construída uma ponte sobre o Rio Itajaí-Mirim, ligando a Barra do Rio a São Vicente. Essa ponte era denominada popularmente de Ponte da Nova Brasília. Atualmente recebe o nome de Ponte Bispo Samuel Francelino.
FONTE: Itajahy – cantos, recantos e encantos – história das comunidades itajaienses. Magru Floriano. Itajaí: Brisa Utópica, 2021. Disponível em magru.com.br.