Caso Panther
O Caso Panther foi o principal episódio internacional envolvendo o Porto de Itajaí. Responsável, inclusive, por uma declaração de guerra velada do Brasil contra a Alemanha. Tudo ocorreu a partir de outubro de 1905 quando a canhoneira da Marinha de Guerra da Alemanha SMS Panther promoveu visita de cortesia aos portos brasileiros, com sua tripulação sendo alvo de inúmeras recepções festivas em Paranaguá, Curitiba, Blumenau e Itajaí. O navio ficou no Porto de Itajaí por dez dias, continuando viagem somente no dia 27 com destino ao porto de Florianópolis. Nesse momento as autoridades brasileiras tomaram ciência das atrocidades que o comando do navio alemão promoveu na cidade de Itajaí durante a madrugada, procurando por um suposto desertor de nome Hasmann: Hotéis e casas foram invadidas por soldados armados alemães.
O CONCLITO DE ITAJAÍ
As arbitrariedades cometidas pela tripulação do SMS Panther ganharam rapidamente o noticiário nacional e internacional. Em diversos pontos do Brasil foram realizadas manifestações agressivas contra a presença do navio alemão em portos brasileiros, na esteira de uma já crescente animosidade contra a Alemanha em boa parte do território brasileiro. Considerando a atitude dos alemães um ‘ultraje infligido à nossa nacionalidade’ muitos parlamentares discursaram no Congresso Nacional em seções realizadas nos dias 7, 12 e 14 de dezembro. Três inquéritos foram abertos e o embaixador do Brasil em Berlim foi acionado pelo chanceler Barão do Rio Branco. As autoridades brasileiras ameaçaram por a pique o navio de guerra alemão se permanecesse em águas brasileiras e ‘depois aconteça o que acontecer’, isto é, mesmo que seja a guerra entre Brasil e Alemanha.
A imprensa mundial, notadamente a imprensa dos EUA, tratou o ‘conflito de Itajaí’ como um atentado à soberania do Brasil e muitas autoridades, inclusive americanas e brasileiras, pensaram na possibilidade de acionar o tratado que estabelecia a proteção dos estados americanos à soberania de um outro país americano ameaçado por forças externas. Era a máxima da política externa americana e sua ‘Doutrina Monroe’. Acontece que o impasse permanecia, mesmo com a canhoneira partindo do porto de Florianópolis para o de Rio Grande, já que o Barão do Rio Branco insistia que fosse entregue às autoridades brasileiras o cidadão Fritz Steinhoff, que supostamente teria sido sequestrado em Itajaí e levado para o navio Panther de forma coercitiva. No final da história, Steinhoff não foi entregue às autoridades brasileiras porque, supostamente não estava a bordo do Panther. No dia 02 de janeiro de 1906 o governo alemão publicou nota reconhecendo publicamente que os militares ‘incorreram em transgressões do encargo que lhes fora dado’ e tudo ficou o dito pelo não dito. Steinhof, por sua vez, apareceu, tempos depois, em Buenos Aires.
TEXTO: Magru Floriano. Itajaipedia.
FONTE: ALÉCIO, Fernando. Caso Panther – 110 anos do incidente de Itajaí. IN: Anuário de Itajaí 2015. Itajaí: FGML, 2015. Páginas 32 – 43.