Mulato Velho
No início da formação urbana de Itajaí uma das atividades comerciais era a pesca do bagre do Rio Itajaí. O memorialista Juventino Linhares nos relata pescarias de rede com milhares de bagres capturados. O peixe fresco era vendido para a população local e o excedente era escalado (aberto pela barriga e limpo), recebendo uma pequena camada de sal e exposto ao sol em grandes varais. Esses varais eram encontrados em diversos locais à beira do Rio Itajaí, inclusive no Saco da Fazenda. (ver: pescaria no Rio Itajaí).
Mulato velho
O bagre escalado, salgado e seco ao sol era conhecido como o bacalhau brasileiro. Esse tipo de produto tinha um grande mercado no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. A colônia itajaiense no Rio, incluindo o ministro Lauro Müller, era freguesa dos comerciantes que compravam esse pescado em Itajaí e revendiam na capital. O pescado era popularmente conhecido pelo nome de ‘Mulato’ ou ‘Mulato velho”. A captura exagerada desse pescado, notadamente na foz do Rio Itajaí, acabou por inviabilizar o comércio, já que os peixes não tinham tempo suficiente para a desova e o necessário crescimento.
Um relato
Marcos Konder no seu livro ‘Lauro Müller’ relata que o ministro itajaiense, quando queria matar a saudade de sua terra natal, Itajaí, gostava de saborear o ‘mulato velho’. Diz textualmente Marcos Konder:
“Quando o mercado do Rio anunciava o ‘mulato velho’, ele, como deputado, senador ou ministro, ia à praia do peixe para adquirir um bagre seco, assim crismado de ‘mulato velho’, afim de matar as saudades da comida tradicional de sua terrinha’. (pagina 31).
TEXTO: Magru Floriano. Itajaipedia.
FONTES:
1 – LINHARES, Juventino. O que a memória guardou. Itajaí: Univali, 1989.
2 – KONDER, Marcos. A pequena pátria / Lauro Müller. Itajai: FGML, 2003.