Espécies invasoras: fauna, flora.
O Município de Itajaí também apresenta em seu território o acolhimento de muitas espécies tidas como invasoras, muitas delas ocasionando grandes problemas para a atividade econômica e a saúde pública em geral. O governo do Estado de Santa Catarina publicou no dia 17 de junho de 2025 uma lista atualizada das espécies invasoras localizadas no território catarinense. Muitas delas encontramos com regularidade no Município de Itajaí. Interessante observar que constam na lista animais e plantas que podem ou não ser considerados nocivos pela população local. Invasor seria todo aquele elemento que não é natural de Itajaí, como cachorro, gato, sagui, pinus e tilápia. Alguns foram introduzidos com sucesso no meio amb
iente local, como são os casos do cachorro e do gato domésticos; outros, promoveram certo desiquilíbrio ecológico, como foi o caso do caracol-gigante-africano. Ele veio para ser explorado comercialmente e acabou solto na natureza se tornando um problema de saúde pública. O mesmo vem ocorrendo com a Tilápias e o Bagres-africano que está tomando conta das águas internas da região. Eles fugiram do cativeiro, em fazendas de aquicultura e sítios particulares, para habitarem todos os rios. Não tendo predadores naturais, conseguem uma procriação acima do normal estabelecendo uma superioridade da espécie sobre as demais espécies nativas, ocorrendo um desiquilíbrio do ecossistema.
Mamíferos
Entre os mamíferos invasores no território catarinense temos: cabra, cachorro doméstico, camundongo, coelho, gato doméstico, javali, porquinho-da-índia, sagui. Aqui em Itajaí, a única espécie invasora nociva, é a Ratazana / Rato-de-esgoto. As demais espécies continuam servindo aos propósitos iniciais que motivaram sua aquisição. Cachorro, coelho, gato, são animais domesticados que fazem parte do nosso dia-a-dia, em áreas urbanas ou rurais, dependendo de cada caso. Temos animais domados, que convivem bem com o ser humano como são os casos de: cavalo, cabra, vaca.
Peixes
Das espécies de peixes elencados pelo Governo do Estado de Santa Catarina temos algumas que já estão causando desiquilíbrio aqui em Itajaí. Destaque para o Bagre-africano, Carpa, e, principalmente, a Tilápia. Não obstante estas espécies ainda estarem sendo muito cultivadas pelo setor comercial de beneficiamento de pescado e, também, pelo setor de lazer e turismo, no sistema de pesque-pague, sempre que ocorrem enchentes as lagoas dos pequenos sítios ‘estouram’ e essas espécies têm uma quantidade indeterminada de indivíduos lançados nas águas internas do Município, como ribeirões e rios. O desequilíbrio já se faz notar, com a Tilápia sendo uma espécie predominante em várias áreas de Itajaí, inclusive no Rio Itajaí e Rio Itajaí-Mirim.
Invertebrados terrestres
Nesta categoria encontramos o temível Caracol-gigante-africano e o Mosquito-da-dengue. O caracol e o Mosquito já constituem um caso de desiquilíbrio extremo, oferecendo grande ameaça à saúde da população. O mosquito chegou à região de forma espontânea, dentro de veículos de transportes variados, como caminhões, carros e navios. Contudo, o Caracol chegou à região de forma intencional, pelas mãos de empreendedores interessados em comercializar a carne dessa espécie exótica. O empreendimento não deu certo e o Caracol acabou se espalhando livremente pelos terrenos urbanos de Itajaí, oferecendo risco à saúde pública.
Plantas
Entre as plantas o destaque negativo é para o Pinus e Eucalipto, que vem tomando conta da paisagem de nossa região, bem como de todo o Estado de Santa Catarina. O problema das grandes plantações de Pinus e Eucalipto é que elas formam florestas uniformes, sem diversidade e pouco hospitaleiras aos animais nativos, que possuem certa dificuldade para se adaptar às suas características, notadamente quanto ao cheiro e toxidade. Devido sua praticidade de plantio, corte e transporte, Pinus e Eucalipto ganharam rapidamente o mercado da construção civil e, por isso mesmo, a preferência dos agricultores no seu plantio. Pelo critério de ‘Espécie Invasora’ vamos elencar também algumas frutas que fazem parte do nosso dia-a-dia como é o caso da goiaba. Mas, essa, como sabemos, não está causando qualquer efeito negativo no quesito de equilíbrio ambiental. O problema da Banana, Pinus e Eucalipto é que formam florestas uniformes, sem diversidade, ocupando enormes extensões de terra onde antes existiam florestas e, pior, são espécies que retiram da terra uma grande quantidade de água – um bem cada vez mais precioso para a humanidade.
Dilema
O tema realmente é polêmico em todos os sentidos. Afinal, quem vai querer deixar de lado seu cachorro de estimação porque trata-se de uma espécie exótica? Como deixar de comer banana e goiaba ou de admirar a beleza de tantas flores exóticas. Quem não gosta de ver a revoada de um bando de bicos-de-lacre ou já se familiarizou com a presença dos pardais… A maioria das espécies que compõem a nossa fauna e flora é, atualmente, exótica. O problema é saber e poder distinguir entre aquelas que nos fazem bem e aquelas que constituem em uma ameaça ao equilíbrio do ecossistema. Comendo banana e tilápia, utilizando o pinus na construção civil e na produção de papel, deixando livres grandes bandos de pardais e bicos-de-lacre, estamos dizendo que aceitamos essas espécies invasoras no nosso ambiente. Ao combater o mosquito da dengue e o Caracol-africano, estamos lutando para tornar nosso ambiente mais saudável e equilibrado.
TEXTO: Magru Floriano
FONTES:
1 – DIEHL, Fernando Luiz et alii. Atlas ambiental da foz do rio Itajaí-açu. Itajaí: Chilicom, 2017.
2 – POLETTE, Marcus et alii. Atlas socioambiental de Itajaí. Itajaí: ed. Univali, 2012.