Pescaria no Rio Itajaí
Segundo nos relatam o memorialista Juventino Linhares e os jornais de época, no inicío de nossa colonização até as primeiras décadas de 1900, era comum acontecer grandes lanços de bagre no Rio Itajaí. Juventino relata pescarias com captura de 40 a 50 mil bagres no Saco da Fazenda e Volta de Cima. Também era de grande monta a pesca da tainha no período de sua safra [maio a junho]. Geralmente para se evitar o desperdício esse pescado era escalado, salgado, posto ao sol, para se obter o peixe seco. Na culinária local chamamos esse peixe tratado de ‘frescal’ [com pouco ou nenhum sal e poucos dias exposto ao sol], ‘peixe seco’ ou ‘mulato’ [com bastante sal e completamente seco]. Diante de tanta abundância era prática corrente no nosso litoral enterrar o excedente pescado que não conseguia ser comercializado dentro de um prazo razoável. Isso porque, naquele tempo, não tinha a malha viária e o transporte rápido que temos nos dias atuais, dificultando a distribuição do produto para mercado consumidor mais distante. Também não existiam os equipamentos de resfriamento atuais, como as câmaras frigoríficas, geladeiras e freezers. O caso mais dramático era a pesca da tainha, porque ela não tinha mercado consumidor já consolidado, como era o caso do bagre seco no Rio de Janeiro. Diz Juventino Linhares: ‘Quando o público não dava vazão ao consumo, o excedente era escalado, salgado, estendido ao sol, em varais para secagem e aproveitamento posterior. Algumas vezes nem mesmo assim era possível aproveitar todo o pescado, que após ser oferecido a preço ínfimo […] acabava sendo enterrado para evitar o apodrecimento ao ar livre.” [página 19].
TEXTO: Magru Floriano. Itajaipedia.
FONTE: LINHARES, Juventino. O que a memória guardou. Itajaí: Univali, 1997.