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Travessia do Rio Itajaí

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No início da colonização os moradores da ribeira deixavam suas canoas à disposição das pessoas que precisavam atravessar o rio sem que isso tivesse qualquer custo para elas. O primeiro registro sobre dificuldades na travessia do rio deu-se durante a Guerra do Paraguai (1870), quando os proprietários começaram a relatar que desertores chegavam a Itajaí e usavam as canoas sem devolvê-las aos seus locais de origem. Mas, na medida que as comunidades das duas margens foram experimentando acelerado desenvolvimento e consolidando as trocas comerciais, foram necessários equipamentos mais seguros e de grande porte, assim, gradativamente começaram a surgir pessoas especializadas no serviço de travessia, obrigando a municipalidade a estabelecer o sistema de concessão pública. Historicamente temos dois pontos de travessia. O primeiro está localizado no Centro entre os portos privados das grandes companhias e, o segundo, um pouco mais ao norte, dando acesso à localidade de Saco Grande, atual São Domingos. Esse segundo ponto de travessia foi transferido na década de 1910 para a Barra do Rio, onde está operando até os dias atuais.

Travessia Centro

Um dos primeiros canoeiros conhecidos que promovia a travessia do Rio Itajaí entre Itajaí e Navegantes – mediante remuneração – foi Francisco Leite, proprietário de um pequeno bote a remo. Já em 1907 havia serviço de passagem regulado por concessão pública contando com um bote de passageiros e uma barcaça para transporte de mercadoria. No ano de 1911, João Sacavem ganhou a concessão do serviço de passagem e investiu na compra de novos equipamentos, incluindo novas barcaças. Ele repassou a concessão, nos idos de 1930, para os irmãos Bernardo e Manoel Gaya. Também foram exploradores desta concessão pública um membro da família Cercal, Arthur Gaya, Valdemar Vieira, Leonel  e Noca Seára. O casal Seara, na década de 1940, colocou uma barcaça puxada por lancha a motor. Essa barcaça foi substituída, por volta de 1950, por uma barca coberta também movida a motor. Depois do casal Seára a concessão passou para Otávio Burigo, seguido por José Manoel Reiser e Joaquim Thiago Alves. Este vendeu sua parte na empresa para o sócio José Manoel Reiser e Vandir Weidle. Pelas mãos desses concessionários foi implantado, a 02 de novembro de 1979, o serviço de ferry-boat. Entre os barcos e barcaças que atuaram nesta travessia encontramos: Maria Alice, Carolina, Barra Velha, Namor, João Sacavem,

Duas curiosidades marcam a existência desse serviço: a primeira diz respeito às diversas histórias contadas pelos usuários sobre o barqueiro deficiente visual conhecido como Lauro Cego. Ele operava o serviço na década de 1960 e confundia o toque do bote em aguapés como se a embarcação tivesse tocado na margem do rio; a segunda, ocorreu em 1950, com a revolta dos estivadores pelo aumento das passagens estabelecido pelo casal Seára. Os trabalhadores do porto chegaram a montar a Sociedade Beneficente Navegantes e comprar embarcação própria, mas, por força de lei, tiveram de respeitar a concessão pública.

Travessia Barra do Rio

A segunda travessia entre Itajaí e Navegantes tinha lugar no Saco Grande, atual São Domingos. Mas, entre 1914 e 1918, Felipe Raif abriu estrada entre o bambuzal de propriedade da Fábrica de Papel Itajahy. Com esta medida possibilitou a instalação do serviço de travessia naquele ponto, facilitando a vida dos agricultores que vinham de Luis Alves e Ilhota para vender seus produtos em Itajaí. Ele aproveitou os portos já estabelecidos nas duas margens do rio pela própria Fábrica de Papel para transporte do bambu plantado no lado de Navegantes.

No ano de 1911, João Lino recebeu a concessão pública para explorar o serviço ainda na localidade de Saco Grande. No ano de 1918 já eram proprietários Serafim Ignácio e Manoel Borba. Eles é que transferiram o serviço de travessia do Saco Grande para Barra do Rio.

TEXTO: Magru Floriano. Itajaipedia.

FONTE: OLIVEIRA, Didymea Lazzaris de. A Navegantes que eu conto. Navegantes: Editora Papa Terra, 2012.

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